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Uma pitada de Clarice Lispector

15 de janeiro de 2012


1920-1977

Nasce em Tchetchelnik, na Ucrânia, no dia 10 de dezembro, do ano de 1920 Haia Lispector, terceira filha de Pinkouss e de Mania Lispector. Seu nascimento ocorreu em meio a uma viagem de emigração de sua família para a América. A família Lispector se fixaram em Recife, sendo recebidos lá por Zaina, irmã de sua mãe. 

Por iniciativa de seu pai mudaram de nome, o pai passa a se chamar Pedro; Mania, Marieta; Leia -irmã-, Elisa; e Haia, em Clarice. Com 12 anos, Clarice já órfã de mãe, se muda com a família para o Rio de Janeiro. 

Clarice, seu marido Maury Gurgel Valente, Apolonio de Carvalho, Samuel Wainer e Daniel, cunhado de Apolonio. Paris, 1946.


Formou-se em direito e começou a colaborar com os jornais cariocas. No ano de 1943 casa-se com um colega de faculdade. No ano seguinte publicou a sua primeira obra “Perto do coração selvagem” e 19 anos assistiu à perplexidade nos leitores e na crítica: quem era aquela jovem que escrevia "tão diferente"?


Em 1976 Clarice foi convidada para representar o Brasil no Congresso Mundial de Bruxaria, na Colômbia no qual a escritora aceitou de imediato afinal, sempre fora mística, supersticiosa, curiosa a respeito do sobrenatural. Em abril recebe o prêmio concedido pela Fundação Cultural do Distrito Federal, pelo conjunto de sua obra.


Em maio espalham-se boatos de que a escritora não receberia mais jornalistas.José Castello, biógrafo e escritor, nessa época trabalhando no jornal "O Globo", mesmo assim telefona e consegue marcar um encontro.Trava então o seguinte diálogo com Lispector:

J.C. "— Por que você escreve?
C.L. "— Vou lhe responder com outra pergunta: — Por que você bebe água?"

J.C. "— Por que bebo água? Porque tenho sede."

C.L. "— Quer dizer que você bebe água para não morrer. Pois eu também: escrevo para me manter viva." 

Em novembro de 1977 soube que sofria de câncer generalizado. No mês seguinte, no dia 9 de dezembro, na véspera de seu 57º aniversário, em plena atividade literária e feliz com o prestígio de ser uma das mais importantes vozes da literatura brasileira morria Clarice vitima de um súbita obstrução intestinal, de origem desconhecida que, depois, veio-se a saber, ter sido causada por um adenocarcinoma de ovário, irreversível.

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."

Modo de escrita de Clarice:
O objetivo da escritora em suas obras, é o de atingir as regiões mais profundas da mente das personagens para aí sondar complexos mecanismos psicológicos. É essa procura que determina as características especificas de seu estilo. Para Clarice:


"Não é fácil escrever. É duro quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados"


"Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas" 


"Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo."

Romances:

Perto do Coração Selvagem, RJ, A Noite, 1944. 
Lustre, RJ, Agir, 1946. 
A Cidade Sitiada, A Noite, 1949. 
A Maçã no Escuro, RJ, Francisco Alves, 1961. 
A Paixão Segundo G.H., RJ, Francisco Alves, 1964. 
Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, RJ, Sabiá, 1969. 
A Hora da Estrela, RJ, José Olympio, 1977. 


Contos e crônicas:

Laços de Família, RJ, Francisco Alves, 1960.
A Legião Estrangeira, RJ, Ed. do Autor, 1964.
Felicidade Clandestina, RJ, Sabiá, 1971.
A Imitação da Rosa, RJ, Artenova, 1973.
A Via-Crucis do Corpo, RJ, Artenova, 1974.
A Bela e a Fera, RJ, Nova Fronteira, 1979.


"Meus livros felizmente para mim não são superlotados de fatos, 
e sim da repercussão dos fatos nos indivíduos. 
Eu me refugiei em escrever. Acho que consegui devido a uma vocação bastante forte e uma falta de medo ao ser considerada 
diferente no ambiente em que vivia." 


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